O último de Lulu
Poucos músicos sofreram sucessivas penas capitais da crítica e de boa parte do público como o carioca Lulu Santos, 51 anos, 29 de carreira. Apesar de nunca ter conquistado a unanimidade, ele resistiu às execuções se tornou um dos maiores fazedores de sucesso da música popular brasileira. Há quatro anos, o músico fez um balanço da trajetória com o Acústico MTV, programa, CD e DVD. Agora lança os dois produtos com o título Ao Vivo MTV. Mais uma vez, Lulu conta a história da sua vida em duas dezenas de sucessos – especificamente 22 (18 no disco), cobrindo os últimos 22 anos. É uma história de sobrevivência. NO DVD, ele aparece pela primeira em uma performance realmente ao vivo. "No projeto acústico, eu ficava engessado", explicaa, em entrevista à Época. "Havia uma direção externa. Agora sou eu mesmo, suando a camiseta e soando bem, vibrando e dançando daquela maneira irresponsável e entusiasta que só acontece no palco. E show é o meu forte".
Sem dúvida. Gravado há três meses no Claro Hall. Rio, o espetáculo resulta de um ano de estrada. Ao longo de uma hora e meia de músicas interligadas em pedal eufórico, Lulu à guitarra e quinteto se apresentaram diante de um público pagante de várias gerações, que acompanha cada sucesso e vibra até mesmo com a música inédita, o rock latino "Sem Nunca Dizer Adeus", com refrão de guitarra calcado em "La Bamba". O ápice do espetáculo acontece quando ele canta "Tudo Bem", lenta e lancinantemente, aos prantos, acompanhado por um teclado. "É um interpretação nova", define. "A música brasileira está infestada de cool. Eu reivindico para ela o grito do blues e do flamenco. Sou a faceta uncool da MPB."
O espetáculo segue o diapasão desenfreado país afora. Em Garanhuns, Pernambuco, no último fim de semana, fez o público de 80 mil pessoas bombar ao som do tecno "Chega de Dogma". No início do inverno, regeu o coro de 50 mil pessoas em Lages, Santa Catarina, que entoava "Como uma Onda no Mar". De balanço em balanço, Lulu se diz realizado. "Não concordo quando me chamam de ícone dos anos 80", diz. "Eu me sinto identificado comigo agora do que naqueles tempos. Aliás, vendi meu primeiro milhão de discos com Assim Caminha a Humanidade em 1994. Não sou dos anos 80, sou mais velho que a geração do Cazuza e Paralamas." Um pouco mais velho e, talvez por isso, mais estruturado. Lulu não dissipou o seu talento em experimentações artísticas e comportamentais. Casado com a atriz e jornalista Scarlett Moon desde 1978, ele soou careta para os mais moços e ousado para aos mais velhos. Já sambou, virou soul e heavy e não deixou nem mesmo de flertar com a e-music. Obteve sucesso e passou por anos de ostracismo e surras da crítica - que, confessa, o obrigaram a melhorar. Por essa teimosia férrea, há quem diga que Lulu é um monolito do pop rock. Ele concorda. "Eu era um garoto que gostava de Beatles, Rolling Stones, Roberto e Erasmo . Mas se começo a pensar no que sou, já quero virar algo diferente. Detesto ser reduzido. Dizem que eu componho bolero e pop açucarado. Mas se você quiser posso fazer salgadinhos também", brinca, com a humildade de quem já foi até mesmo crítico de música no início dos anos 80 e pensa em voltar a escrever. "Ninguém conseguiu me tirar nenhuma lasca."
Por mais que o ouvinte o rejeite, poucos passaram incólumes às suas melodias. É a senha do êxito: com letras e refrões diretos movidos a guitarras havaianas condimentadas a bolero, a música de Lulu adere para sempre à memória afetiva.
1 Comments:
Eu a via como um moço comportado mesmo,bem casado,dentro do padrão da ''sagrada família brasileira'',parece que era só fachada,ou ele virou gay depois,quer dizer,bissexual ele já era,sei lá eu.
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