Fonotipia

Vou postar aqui comentários de CDs e DVDs musicais. Luís Antônio Giron

Tuesday, October 10, 2006

Céu prenhe de lirismo

Um tremendo assombro. Assim pode ser chamada a aparição da cantora paulisana Céu no ano de 2005. No bom sentido, é claro: a moça meio retraída de 24 anos Maria do Céu, ou simplesmente Céu, espantou positivamente audiência e crítica com sua beleza singela tipicamente brasileira e sobretudo com sua arte refinada. A voz doce de seda natural associada às composições tão próprias como caracteristicamente brasileiras, fizeram de seu primeiro CD, Céu, pelo pequeno selo Tratore, um dos acontecimentos do ano, com repercussão grande neste. A ponto de uma gravadora de grande porte como a Warner estar em conversações com a intérprete, que, no ato contínuo do lançamento, fez sua primeira turnê pela Europa. No ano passado, duranteo o Ano do Brasil na França, a cantora conquistou um nicho europeu – e lá foi lançado primeirametne seu CD, tendo vendido até agora cerca de 20 mil exemplares.
Maria do Céu Poças nasceu em São Paulo e teve em casa sua formação musical. Ela é filha do maestro Edgar Poças e aprendeu a gostar de música brasileira da forma mais natural possível.
O disco tem atrativos de sobra para conquistar todo tipo de público. Com 15 faixas, ele foi produzido por Beto Villares, com colaboração de Antônio Pinto. O repertório reveza samba e música brasileira moderna, com um toque bem eletrônico. Entre os músicos que participam figuram Alex Haiat (violão), Lucio Maia (guitarra), Pepe Cisneros (piano), Zezinho Mutarelli (sax), Sidnei Borgani (trombone), Lucas Martins (baixo) e Maurício Alves (percussão). Para dar um toque moderno, o DJ Marco se encarrega dos scratches.
O charme especial do álbum está mesmo na voz de contralto de Céu, capaz de cantar com suavidade e convencer na interpretação (a única do repertório tradicional que ela ousou abordar) “Ronco da Cuíca”, de Aldir Blanc e João Bosco, em versão e-music. Ela também sabe compor boas canções, como os sambas “Malemolência” , “Samba na Sola” e a balada pop “Ave Cruz” , em parceira com Alec Haiat, “Valsa pra Biu Roque”, em parceira com Beto Villares.
Uma das músicas só de Céu, a lenta “Bobagem”, dá a medida de sua posição na cena recente da MPopB. Diz a letra: “Minha beleza/ Não é efêmera/ Como o que eu vejo/ Em bancas por aí? Minha natureza/ É mais que estampa/ É um belo samba; Que ainda está por vir”. Esta convicção faz de Céu uma cantora diferente, possuidora de uma pletora instantânea de fãs: a de que seu lirismo veio para ficar.

Luís Antônio Giron

1 Comments:

Blogger ADEMAR AMANCIO said...

A Céu é ''contralto'',preciso ouvir com atenção,eu jurava que não - Apesar que o crítico já disse que o registro vocal de Maria Rita também é contralto,eu penso que não.

8:48 AM  

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