Fonotipia

Vou postar aqui comentários de CDs e DVDs musicais. Luís Antônio Giron

Tuesday, October 10, 2006

Max de Castro, tsunami de ritmos-

Em seu terceiro CD, Max de Castro equilibra canções para rádio e arranjos sofisticados





Max de Castro acaba de lançar o terceiro CD de sua carreira de cinco anos. Max de Castro (Trama) pode ser descrito como um verdadeiro tsunami de gêneros, ritmos e achados sonoros. É tanta criatividade que o ouvinte pode ser levado pelas ondas gigantes. Mas a melhor política para ouvir Max é deixar a onda levar. As 12 faixas apresentam um festival de samba, frevo, bolero, grooves e pura música instrumental. Os aspectos eletrônicos e acústicos da produção e dos arranjos se unem num produto onde nada parece fora do lugar.
“Cada vez menos eu distingo onde começa uma composição e termina o arranjo, onde acaba o meu trabalho como arranjador para deixar correr o cantor e compositor.”
Isso fica muito evidente numa das melhores faixas, o episódio instrumental para banda e metais “Pixinguinha Superstar”, que poderia se chamar também de “Moacir Santos Superestar”, pois lembra aqueles arranjos clássicos dos anos 60 do maestro Moacir Santos. Mas há também canções para tocar no rádio, como o sambão “Rosa, um Samba para Excluídos” e “Silêncio no Brookyin” – homenagem a outra referência na carreria do músico, Jorge Ben (ou seja, o Benjor dos anos 60).
Aos 32 anos O filho de Wilson Simonal e irmão de Wilson Simoninha
não se satisfaz com o mero papel de cantor e compositor. Ele se encaminha para a difícil função de superprodutor. “Minhas influência, além do meu pai, claro, são Quincy Jones, Tom Jobim, Prince, Stevie Wonder e o maestro afro-americano Oliver Nelson, que pouca gente conhece e que recomendo conhecerem”, diz.
Curiosamente, Max tem uma formação musical condizente à explosão de criatividade de seu novo álbum. Se nos trabalhos anteriores – Samba Raro, de 1999, e Orchestra Klaxon, de 2002, ambos pela gravadora Trama – ele se esmerou em estudar as reações do samba sob o impacto do scratch e do groove (métodos da música eltrônica), em Max de Castro ele aposta numa engenharia mais complexa, na qual os gêneros e métodos se concatenam de acordo com as necessidades da imaginação.
“Sou um eterno curioso”, conta o músico. “Estudei música, sei escrever partitura, mas também fui um dos primeiros a acompanhar e a me envolver com a cena eletrônica de São Paulo. E tem minha formação como ouvinte e músico popular.”
Ele explica que não tem um modo único de fazer música: “Componho com tudo o que tenho à disposição. Às vezes me acontecem idéias e vou jogando temas no banco de dados do compoutador. As idéias podem pintar em forma de melodia, quando estou tocando guitarra ou violão, ou mesmo na forma de versos soltos, a qualquer hora do dia e da noite. Junto os fragmentos e uma hora acaba aparecendo um disco inteiro ou um show”.
Muitas vezes tachado de “cerebral”, Max não gosta do termo. “Faço um som sofisticado, mas não é para me exibir”, brinca. ‘É uma coisa idelógica mesmo, de não querer jogar o jogo fácil. Eu tenho condições de compor um reggaezinho bonitinho para fazer sucesso. Prefiro contribuir com a música popular de outra maneira, tirando o máximo da minha imaginação, tentando conectar a música com outras referências, outras artes, fazendo a música dar um salto”.
Max de Castro não é um campeão de vendas da Trama. Segundo o diretor presidente da Trama, João Marcello Bôscoli, os discos de Max têm uma vendagem de 30 mil exemplares, o que sustenta a carreira do músico. “Max não precisa nem quer vender 100 mil”, diz Bôscoli. “O barato dele é criar com profundidade, e este tem sido um dos objetivos da Trama. Max abre as picadas, ele pega as estruturas da música e renova o nosso ouvido.”
O músico foi um dos primeiros contratados da gravaodra, sediada no bairro de Pinheiros, em São Paulo. “Hoje, nosso cast é de 20 artistas, em gêneros diversos, ip hop, eletrônico e música brasileira. Isso para não falar dos lançamentos internacionais.” O ritmo de lançamento da Trama, em seis anos de trajetória, é de 10 CDs por mês. “Nossa aposta é o que chamamos de nova música brasileira. Não é banalizar jamais. E contamos com artistas do nível de Max de Castro para isso.”
Isso permitiu que Max ficasse seis meses dentro do estúdio da Trama para criar seu CD. “Sou um privilegiado porque tenho um estúdio à minha disposição”, orgulha-se. Com o apoio da gravadora, Max começa a fazer a turnê do disco no final de abril, começando por Brasília. Ele está estudando a melhor formação instrumental para o show, que deve ir também para vários estados do brasil. “É engraçado: já toquei três vezes na Europa, mas nunca no Nordeste. É uma distorção tipicamente brasielira: para o músico daqui fica mais fácil sair do país do que se embrenhar nele.” Até agora, sua banda foi formada por dois texlados, baixo,bateria, percussão e DJ. “Ainda não sei como será a nova banda, mas o fato é que preciso adaptar o que fiz no CD ao show. E show não é CD, é uma espécie de revisão constante do que fiz até o momento”.
O público que se prepare para as ondas violentas de sons renovadores. Max vem aí para agitar e carregar para logne as idéias fixas.

Luís Antônio Giron

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