Gustavo Dudamel, o maestro maior
Se alguém tem de ser responsabilizado pela aparição de um dos maiores maestros do mundo na Venezuela do século XXI, a culpa é do sistema. Ou melhor “El Sistema”, como é conhecida a política de educação de jovens musicos que existe nas Venezuela desde os anos 70. Estudando no Sistema, o menino Gustavo Dudamel (nascido em Barquisimeto em 26 de janeiro de 1981) se tornou o maestro mais celebrado da atualidade. E não é exagero. Dudamel iniciou este ano a temporada de concertos da Orquestra Filarmônica de Los Angeles, como diretor artístico, além de acumular os cargos de diretor da Orquestra Sinfõnica de Gothenbug, na Suécia, e da Orquestra Jovem Sinfônica Simón Bolíver de Caracas – cargo que ocupa há dez anos. Foi na orquestra bolivariana que Dudamel fez sua glória – e foi contratado com exclusividade para o selo mais prestigioso da música erudita, o alemão Deutsche Grammophon.
Tchaikovsky: Symphony nº 5 in E minor, com Dudamel à frente da Simon Bolívar, acaba de sair no mercado brasileiro. É o sexto álbum do maestro para a DG, o quarto com a Simon Bolívar. Destes discos se destacam o das Sinfonias 5 e 7 de Beethoven e da Sinfonia nº 5 de Gustav Mahler. Os outros dois discos trazem a Sinfonia fantástica de Hector Berlioz e o Concerto para orquestra, de Béla Bartók. Todos estão disponíveis para download (pago, claro, ao preço médio de 11 dólares), na Internet.
As gravações de Dudamel com a Simón Bolivar são titânicas – e a da Quinta de Tchaikovsky não foge à regra. É como se a velha Filarmônica de Berlim dos anos 40 reencarnasse naSala Simon Bolivar do Centero de Ação Social em Caracas, em gravação ao vivo em 2008 e sem erros ou ruídos esquisitos. Segundo Dudamel, a obra do compositor russo foi sua primeira paixão – e ele aprendeu a Quinta quando criança (ah, se no Brasil fosse assim...). Os quatro movimentos se estendem por 48 minutos quase sem interrupção, entre episódios dramáticos e expressivos, entre silêncios e fermatas que pareceriam eternas, não fosse o suspense imprimido ao momento. O programa se completa com a fantasia sinfônica Francesca da Rimini, op. 32, uma verdaderia sinfonia condensada em 25 minutos.
Dudamel é um maestro romântico, do efeito caudaloso e passagens bombásticas. É também o clarificador dos timbres e o renovador de um repertório dado como esclerosado. Bata comparar a sua Quinta com a de um Claudio Abbado à frente da Filarmônica de Berlim para constatar como a visão de Dudamel é mais ousada e, ao mesmo tempo, mais romântica, que a de Abbado. E atençã: é uma orquesatra sul-americana, formada a partir de uma política cultural de três décadas, que está acima das ideologias no poder. Nem um Hugo Chávez conseguiu destruir a orquestra. Viva el Sistema! Este é um CD para comprar e ouvir muitas e muitas vezes.
1 Comments:
Bela história,no Brasil se ouve sertanejo,sertanejinho e sertanejão.
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home